Com os preços dos carros em alta, qualquer iniciativa para reduzir o custo de propriedade do veículo é considerada por quem está comprando um automóvel. Uma das opções consideradas é colocar o seguro automotivo no nome da esposa, já que, para mulheres, a proteção é até 40% mais barata do que para homens do mesmo perfil. Afinal, a prática é legal?
A resposta é: depende. De acordo com seguradoras entrevistadas pelo UOL Carros, quando se trata do carro da família, ou seja, conduzido pelos dois cônjuges de maneira equilibrada, tudo bem cotar em nome da mulher. No entanto, informar a esposa, mãe ou qualquer outra mulher como motorista principal de um veículo que não é conduzido por ela pode ser considerado fraude ao seguro, o que pode levar até mesmo à perda da compensação em caso de sinistro
UOL Carros solicitou à plataforma Minutos Seguros a cotação da proteção dos veículos de passeio mais vendidos no Brasil para um homem e uma mulher de 35 anos, moradores da cidade de São Paulo
A diferença do valor pago entre os sexos chega a 40% no Chevrolet Onix 1.0 manual: enquanto é cobrado R$ 4.780,41 para o homem, para a mulher, sai por R$ 2.852,83. Já no Hyundai HB20, segundo carro mais comercializado, a discrepância cai para 18%: de R$ 3.855,47 para R$ 3.152,55, sendo as mulheres quem pagam menos
Apólice no nome da esposa
Marcia Camacho, diretora de operações da Minuto Seguros, explica que na contratação do seguro é necessário informar o principal condutor, independente do nome que esteja no documento do veículo. No entanto, só pode ser considerado o principal condutor quem dirige mais de 50% do tempo
“No caso em que ambos dirijam igualmente, deve ser informado o condutor mais jovem, homem ou mulher, como principal condutor, e o cônjuge mais velho também poderá dirigir o carro. Se o cônjuge que não é o principal condutor tiver menos de 25 anos, deverá ser citado na apólice como condutor jovem adicional”, explica.
Em algumas seguradoras a questão é um pouco mais flexível. Segundo João Cuco, coordenador de Pricing e Subscrição da Youse, a marca não faz questionamentos sobre condutores adicionais
“O seguro auto cobre danos nos casos em que outra pessoa está dirigindo. É importante ressaltar que na Youse não questionamos o segurado a respeito de condutores adicionais ou habituais, apenas sobre o condutor principal e, se for o caso, motorista adicional com até 25 anos. Neste último caso, é provável que o valor seja alterado”.
Não vale mentir
Apesar da possibilidade de colocar o carro da família no nome da esposa para aproveitar os preços melhores, é importante ressaltar que não vale prestar informações erradas. José Varanda, coordenador de Graduação da Escola de Negócios e Seguros (ENS), alerta que mesmo que o perfil do cliente se enquadre entre os que pagam mais, ainda é mais vantajoso falar a verdade do que mentir.
“Declarações falsas, inexatas ou omissão de informações que possam influenciar no cálculo do seguro e na análise do risco pela seguradora podem gerar a negativa de indenização, em caso de sinistro, e até o cancelamento da apólice”, alerta.
Portanto, não é indicado colocar o seguro no nome de uma pessoa que não dirige o veículo.
Por que as mulheres pagam menos?
De acordo com a Minuto Seguros, o valor do seguro leva em consideração diversos fatores como idade do condutor, histórico de sinistros, cidade de circulação do veículo, modelo do veículo e também se é um automóvel muito visado para roubos e furtos, por exemplo. Todos esses indicadores são analisados estatisticamente pelas seguradoras antes de definir o valor final de uma apólice.
Segundo estudo solicitado pela ZigNET à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre junho de 2021 e 2022, foram registradas 183% mais colisões envolvendo motoristas homens, em comparação às mulheres. Marcia Camacho explica que esse é um dos pontos que influenciam a precificação das apólices de seguro auto.
“Além de se envolverem em menos acidentes, os danos são menores e mais fáceis de serem reparados quando há alguma situação envolvendo mulheres”, explica.
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Notícias | 17 de maio de 2023 | Fonte: Uol